segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Forró no céu

Há algumas horas estou aqui, sentada de frente ao pc, com os dedos a postos no teclado.... mas não consigo espremer deles sequer uma palavra....
As palavras que sempre brotam do coração e escorrem pelos meus dedos, hj se calam... O que sinto é um enorme buraco no peito. Falo isso por mim, e com certeza, por milhares de forrozeiros espalhados por toda a parte.
Hoje é um dia de grande tristeza para nós, amantes do forró. Perdemos um dos mais importantes nomes do cenário pé-de-serra e da música popular brasileira da atualidade: nosso querido Mestre Zinho.
Me entristece muito, mais uma vez, perceber, assim como na morte de Marinês, q a mídia brasileira, simplesmente, se esquece de quem realmente deveria e merecia ser lembrado... por seu talento, sua força, sua vontade de viver, sua garra, amor a música e à cultura nordestina.
É deprimente perceber q muitos brasileiros desconhecem o talento de Mestre Zinho: retrato de um país q idolatra “astros”estrangeiros chiliquentos e não valoriza sua própria cultura, não valoriza o que é seu, sua história e suas raízes.
Queria postar aqui depoimentos de amigos e parceiros de forró que hoje choram pela morte do mestre, mas percebo q ainda é cedo pra isso ... as pessoas ainda não conseguem acreditar q perderam, pra sempre, mais uma das maiores referências vivas do forró pé-de-serra .
Mestre Zinho vai deixar muita saudade.... mas tbm nos deixou um enorme presente ... seu legado, sua música, sua paixão pelo forró.
Se não dormi bem na noite passada foi por causa da “arrastação” de mesas e cadeiras pra deixar o salão do céu limpinho para essa noite.
Hoje, então, vou ficar de ouvido atentos, quem sabe consigo escutar nem q seja um pedacinho desse grande show, agora q Zinho se junta aos grandes: Luiz Gonzaga, Marinês, Abdias, Jackson do Pandeiro, entre outros.
Com certeza hj ninguém dorme cá na terra... tamanha festa no céu.

Quem foi Mestre Zinho
por Adriana Caitano
disponível em : http://forropedeserradf.blogspot.com

Não é à toa que Erivan Alves de Almeida levava o título de mestre. Neto de Mestre Bruno, um daqueles sanfoneiros de oito baixos que só o Nordeste sabe gerar, Zinho, como ficou conhecido já na infância, cresceu com o talento e o amor pelo forró pé-de-serra correndo nas veias. Talento que foi reconhecido pelo próprio Rei do Baião e foi aclamado por milhares de forrozeiros do País. Aos 65 anos de idade e mais de 30 de carreira, o mestre do triângulo que tinha a voz mais bonita do forró partiu na tarde do dia 31 de janeiro de 2010.

Da infância em meio à pobreza e à seca, o cantor nascido em Rio Largo, Alagoas, guardou a força nordestina e as influências dos antigos trovadores, que marcam sua voz. O timbre doce, balanceado e ao mesmo tempo alegre, grave e forte, chamou a atenção até mesmo de ninguém menos que Luiz Gonzaga. Zinho contava que, quando estava à beira da morte, no hospital, Gonzagão o chamou e disse: "Depois de mim e Lindú (vocalista do Trio Nordestino, já morto na época), você é o melhor cantor de forró vivo. Não é para você se achar não viu, carrega essa bandeira".

Obediente, Mestre Zinho, que foi vocalista do grupo Os Três do Nordeste por oito anos, seguiu direitinho o pedido do grande rei. Levantou bem alto a bandeira do forró pé-de-serra e a levou a todos os cantos por onde passou. Já em carreira solo, havia gravado o disco "Murro em ponta de faca", com a participação de Dominguinhos, Amelinha e Luiz Gonzaga, um ano antes da morte do rei. Desde então não parou mais. Nem mesmo quando sofreu um acidente de carro, em 1987, que lhe tirou parte dos movimentos de uma das mãos, um câncer de próstata em 2006, uma cirurgia cardíaca em 2008. No mesmo ano, Zinho teve uma paralisia facial e passou a se apresentar com ainda mais dificuldades. Assistir seu show assim era triste, dolorido, mas emocionante.

Durante a carreira solo, fez participações importantes, como no álbum "Fruto", de Elba Ramalho, e no projeto "Forró de cabo a rabo", promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil. Lançou outros discos e CDs, como "De documento na mão", "Aí o bicho pega", "Forró do apagão" e "Gelo na farinha". Em 2007, foi a vez de "Canta o que o povo gosta" e em 2008 gravou em São Paulo um álbum ao vivo.

2 comentários:

Unknown disse...

Esse grande homem deixará muitas saudades...Sem duvida estamos perdendo o Mestre...Agora o forró vai ser no Céu...

Sandra Mara disse...

Betinha, para acalentar um pouco esse "buraco" no seu coração, lembre que "VIVER NOS CORAÇÕES QUE FICAM NÃO É MORRER" .....
você fechou com "chave de ouro " esse seu "lamento" ...."com certeza hoje ninguém dorme aqui