domingo, 21 de março de 2010

Não vejo a hora de me jogar.....


foto: Marcelo Kokubum

Acabo de chegar de mais um ensaio da quadrilha junina "Festejo São João", do Pajuçara. No ano passado, logo quando me mudei pra cá, em meio a alguns desprazeres, tive a enorme satisfação em conhecer Jairinho, moço bom e artista plástico talentosíssimo, q sabendo da minha paixão pela música nordestina, mais q depressa me convidou para conhecer a quadrilha da qual fazia parte e q coincidentemente procurava uma vocalista.
Talvez eu não consiga, apenas por palavras, explicar o realmente senti no dia em q coloquei meu pés pela primeira vez num ensaio da Festejo. Fui instantaneamente arrebatada. O entusiasmo e o ardor daquelas pessoas pela quadrilha mostravam sua paixão q era tão forte q quase podia ser tocada. Naquela noite experimentei uma quantidade de sensações e sentimentos q me deixou em estado de êxtase, completamente maravilhada.
Ao sair de lá, a única certeza q eu tinha é q queria fazer parte daquilo, não fosse como cantora, seria na equipe de apoio, na costura ou em qualquer outro lugar. A quadrilha já era parte de mim. Fiquei tão tomada pela emoção e por tudo aquilo q vi e ouvi naquela noite q assim q entrei no carro, pra ir embora, desabei em lágrimas.
Hoje, 21 de março, os ensaios com os dançarinos já estão a todo vapor. Aliás, desde outubro, a equipe da Festejo vem se reunindo para definir figurino, música, adereços, etc. E o clima contagiante do São João no nordeste já inunda os corações dos quadrilheiros nos dando ânimo, coragem e garra para fazer melhor e superar o número de vitórias e conquistas do ano q passou.
Só quem participa e acompanha de perto o movimento entende q tudo aquilo é feito de amor. Ao final do ensaio, Ewerton leu, pra gente, uma crônica escrita por um jornalista daqui da TV Ponta Negra, Paulo Araújo, q me inspirou a escrever esse texto. Ficamos muito felizes em saber q em meio a muitos, q consideram o movimento das quadrilhas como “coisa de desocupados”, existem pessoas esclarecidas q valorizam a arte e cultura popular nordestina. Por isso, peço licença a Paulo Araújo e transcrevo aqui um trechinho de sua crônica q descreve, com uma percepção louvável, um pouco da atmosfera junina dentro de uma quadrilha.
As quadrilhas, “são compostas por jovens q juntam centavo por centavo pra pagar a roupa mais bonita q puder envergar, entregam-se de corpo e alma a ensaios extenuantes e esfalfam-se em viajar em ônibus, nem sempre confortáveis, cruzando o estado de leste a oeste em busca de platéia. Quando junho chegar, sem nenhum trocadilho, as quadrilhas juninas vão assaltar nossa alma nordestina com um colorido de cores e ritmos q explodem por todos os lados fazendo-nos refletir: Como podem ser tão bonitas e organizadas? De onde vem tanta energia para levantar arquibancadas inteiras por volta das 5 horas da manhã como vi na final de um dos festivais do ano passado na praça central de Currais Novos? De onde surgem tantas idéias para contar uma história tão simples como o casamento matuto na roça? ......... Que junho chegue logo, pois muita gente, como eu, não vê a hora de assistir uma apresentação de quadrilha junina.”
Eu tbm, não vejo a hora de me jogar nos braços da minha Festejo!!!!!
De quebra, vai um videozinho de uma das apresentações da Festejo 2009. Tá de longe, tem um monte de cabecinha na frente, não dá pra ouvir direito, mas mesmo assim vale a pena conferir! ;)

terça-feira, 16 de março de 2010

O cinema como pintura

Hoje posto aqui um episódio do filme "Sonhos de Akira Kurosawa" chamados "Corvos" q considero belíssimo e muito expressivo.

Esse filme foi feito 1990 e Kurosawa é um diretor japonês. São 8 episódios ou sonhos nos quais percebe-se, até pelo próprio nome, a participação de Akira não só como diretor e roteirista, mas tbm como personagem principal.

Em "Corvos", Akira faz uma viagem no trabalho de Van Gogh. Trata-se de um artista japonês q se depara com as obras de Van Gogh em um museu e, literalmente, entra dentro delas, por onde passeia e se encontra com o próprio Van Gogh, interpretado por Scorsese, q lhe fala sobre sua compulsão pela pintura diante da natureza.

Kurosawa se utiliza da paleta de Van Gogh e faz o filme assim como Van Gogh pinta seus quadros; altera a cor, a forma, o gesto, para torná-lo mais expressivo.

É o cinema como pintura!!!



sábado, 13 de março de 2010

A coisa nunca está tão feia q não possa piorar


O Grito - Edward Munch 
Sabe quando nada dá certo?
A minha vontade era de me enfiar debaixo da cama e ficar ali bem quietinha ....
Tudo começou na quinta. Levantei bem cedinho pra ir ao dentista, o q já não é bem oq eu chamo de um bom começo de dia. Mas enfim, levantei, me arrumei bonita e fui. Só q.... no meio do caminho havia uma pedra, havia um pedra no meio do caminho... e q sorte! Meu pneu furou!
Com meu marido viajando fico meio sem saber o q fazer quando me deparo com um problema automotivo... e vcs podem até achar q é mania de perseguição.... mas meu carro espera e planeja tudo friamente pra me causar problemas só quando meu marido está viajando.
Encostei o carro na avenida movimentada, num lugar não muito apropriado....e me impressionei com a delicadeza das pessoas q passavam gritando palavrões pq eu estava atrapalhando trânsito. Desci do carro e pensei: "Tá bom , Roberta, agora calma, isso acontece com milhares de pessoas todos os dias... oq fazer? Ligar pra alguém... mas pra quem?????"
Em outros tempos eu ligaria pro meu pai.... mas agora 2300km de distância não achei q ele pudesse me ajudar..... peguei o cel e passei nome por nome da minha lista de contatos e a triste conclusão foi:" é... vc não tem pra quem ligar.... pense num plano B!"
O plano B era sentar na calçada e chorar, e quando eu já estava me preparando pra isso, passaram 2 moços pra quem pude pedir ajuda e rapidim , numa eficiência impressionante, eles trocaram meu pneu.
Bom, o dia não tinha começado muito bem.... mas ainda era cedo.... havia coisas muito piores pra acontecer...
Cheguei no dentista e para minha felicidade descobri q minha carteirinha do convênio estava vencida. Maravilha! Pneu furado, carteirinha vencida.... Paguei pela consulta! $$$
Passei num posto pra abastecer. A última coisa q eu precisava era ficar sem combustível no meio da rua, né. $$$$$
Então fui a procura de um borracheiro q consertasse meu pneu. Consertasse era otimismo meu. O borracheiro disse q não tinha conserto e q eu teria q comprar outro! $$$$$
Sorte q eu tinha passado no banco antes, pra tirar um dinheiro, pra passar o resto do mês.
A noite depois de pensar muito no assunto, achei melhor não ir a academia... com essa maré de sorte era capaz do legpress despencar e amassar minha pernas. Academia pode ser um negócio muito perigoso pra quem não está num bom dia.
Mas no fim do dia eu pensei: "quer saber? tirando as horas q vc se apavorou e abriu o berreiro, isto é , umas 3 vezes ao longo do dia e tirando q lá se foi o seu rico dinheirinho.... vc até q conseguiu se virar muito bem, amanhã é um outro dia e nunca a coisa está tão feia q não possa piorar."
No dia seguinte, peguei meu carro rumo a Parnamirim, pra mais um dia de trabalho e qual não foi minha surpresa quando meu câmbio resolveu q não queria mais trabalhar , endureceu e eu não conseguia passar nenhuma marcha. Sorte a minha q foi bem em frente a uma bodega muito familiar (como diria um amigo: até as kengas lá eram de família) de paredes pintadas de vermelho e gente de cara muito amável tomando cachaça à 1 da tarde. Entrei e perguntei se havia alguma oficina mecânica por ali. Então o rapaz me indicou pra um outro, q me indicou pra um outro, q dizia ser mecânico.
Ele pegou um alicate, mexeu daqui, mexeu dali, apertou daqui, apertou dali e me disse q tinha dado um jeitinho só pra eu voltar pra Natal... mas q eu precisaria levar o carro no dia seguinte à uma oficina pra trocar uma peça. $$
O carro mal andava, mas conseguiu me levar até a escola. Depois de passar 1h debaixo do sol do meio dia tudo q eu precisava era de um belo copo d’agua.. Fiquei feliz ao chegar na escola e não ver os alunos. A diretora havia os dispensado pq, justamente, estava faltando água na escola. Bom demais, né!
Ficamos em reunião e lá pelas 17hs fomos liberados.... peguei meu carrinho e vim capengando até Natal. Quando cheguei em casa tudo q eu pensava era na tranqüilidade da vida dos peixes, tudo q eu queria era conseguir prender a respiração, afundar a cabeça na piscina da academia e levantar só depois de algumas horas.
Pensei: "ah, se o carro veio de Parnamirim até aqui, ele me leva ali na academia q fica só à alguns quarteirões." Eu estava certa. Ele, realmente, me levou . Eu só não contava q ia trancar a chave dentro dele.
Entrei na academia e peguei o telefone pra ligar pra um chaveiro 24 hs. Um senhor q estava malhando disse q conhecia um ali perto q era barateiro. Pq chaveiros em Ponta Negra só faltam arrancar o olho da gente. Então, o gentil senhor terminou sua malhação e foi buscar o chaveiro pra mim. O moço chegou, tirou a borracha da janela, enfiou um ferrinho e clic, puxou a travinha. Assunto resolvido! $$$$$
Resolvi q na próxima encadernação quero nascer chaveira em Ponta Negra!
Então ele me olhou com a cara séria e disse: "não faça mais isso, não, tá!" Eu respondi: "ahh moço, isso vai ser muito difícil pra mim.... pq adoro trancar a chave dentro do carro."
Nadei e fui pra casa, molhada, cansada e sem nenhum vintém no bolso.
Hoje levantei cedo pra levar o carro na oficina, na esperança q o Heraldo pudesse consertá-lo pra mim até o meio dia (já q é sábado).... por conta de um compromisso importante q tenho no pajuçara no fim da tarde, um bairro q fica a uns 25 km daqui.
Advinha? O Heraldo olhou e me disse q eu precisaria levar o carro lá na segunda as 7 da manhã.... pra ele abrir e desmontar sei lá oq ... trocar uma peça q vai me custar uns R$250,00 e q no final da tarde o carro estaria pronto. Ainda disse q era melhor eu não tirar o carro garagem no fim de semana pq a qualquer momento ele poderia me deixar na mão e eu teria de gastar uma nota com o guincho.
Pra piorar, meu vizinho pagodeiro-sertanejo-swingueiro resolveu dar uma festinha daquelas hoje! Mal ouço meus pensamentos!
Ou seja: esquece o pajuçara, esquece dormir bem hoje, esquece sair pra qualquer lugar no fim de semana, se vira pra pagar a diarista na segunda, se vira pra ir e voltar do trabalho e se vira pra arrumar grana pro conserto do carro!
Preciso ou não, urgente, de uma benzedeira?!?!?!?

quarta-feira, 3 de março de 2010

De Minas ao RN

Há um ano atrás, exatamente a essa hora, estávamos na estrada a caminho de Natal. Saímos de Uberlândia no dia 1º de março e chegamos aqui no dia 4 .....depois de muita gasolina, muita poeira, muita baba de cachorro, muitos salgados de posto, muito calor e principalmente muito sol na moleira...

Viagem longa.... mas muito divertida.






Viemos eu, Marcelo, Ruffus e Duane e mais algumas malas de roupa, uma barraca de camping, dois sacos de dormir e um tanto de ração. Apertadinhos na nossa parati azul atravessamos cerca de 6 estados (Minas, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba até chegar no RN) ao som das melhores de Jackson do Pandeiro. Passamos por lugares históricos... e por q não dizer por lugares musicais.

Por cada cidadezinha q passávamos eu ficava feliz por lembrar uma música de Luiz Gonzaga e pensava: "A- há., tô no caminho certo!!!!!" Era a minha estrada de pedras amarelas! Cada placa na estrada me remetia a músicas q ouço desde a infância: Riacho do Navio, Rio Pajeú , Rio São Francisco, Propriá , Juazeiro, Petrolina, Sobradinho, Arapiraca, Campina Grande, Caruaru ....
Mas foi a Bahia q transformou por completo minha concepção de distância. A Bahia q sempre me pareceu tão longe e de repente.... o longe virou perto. Quando chegamos lá a viagem só estava começando.



Em Feira de Santana nosso carro estragou, mas por sorte, em frente a uma oficina mecânica. Difícil foi o coitado do mecânico ter coragem de entrar no carro quando mirou a lanterna e viu os olhinhos dos meninos brilhando lá atrás.
Em Alagoinhas colocamos os cachorros pra dormir dentro do quarto imundo com a gente e então descobrimos oq Duane não faz nas madrugadas.... ele não dorme e não deixa ninguém dormir.
Em Sergipe, graças às necessidades fisiológicas dos cachorros, conhecemos o supermercado de uma cidadezinha chamada Umbaúba, onde tivemos q comprar muito desinfetante e panos de chão.


Em Pernambuco, viajamos por horas e horas, na noite chuvosa, numa estrada totalmente esburacada por causa da duplicação da rodovia até chegarmos em Recife, onde nos perdermos. Lá tivemos q perguntar ao frentista do posto onde ficava o motel mais próximo e ouvir sua explicação sobre o caminho para chegar num “motel de família” (palavras dele!).
Chegando na Paraíba ficamos assustados ao sermos perseguidos por um carro q nos fechou e nos obrigou a parar, q nem a polícia faz nos filmes de ação. Era um funcionário da receita estadual q por algum motivo desconfiou da nossa bagagem e decerto da nossa cara de meliante.

Aprendemos muitas coisas, conhecemos muitos lugares.... Eu, entre tantas coisas, aprendi muito sobre meus cães.... Descobri q eles não fazem xixi em qualquer lugar, não. Portanto, não basta parar o carro na beira da estrada de 3 em 3 horas e pensar q 5 minutos ali vai resolver o problema, pq não vai..... a coisa tem q ser muito bem estudada e avaliada pelos dois e só depois de andarem muito, cheirarem muito e avistarem um montinho de areia lá no meio do matagal....é q eles se sentem à vontade.





Aprendi como somos tão diferentes e tão parecidos, o Ruffus puxou a mãe e o Duane puxou o pai. O Ruffus não quer papo, entra no carro e já tomba dormindo enquanto o Duane fica acordado a viagem toda querendo puxar assunto.


Aprendi q meus cachorros compõem muito bem com as cores da Jaimaca.




Mas não fui só eu quem fiz grandes descobertas, não. Os cachorros passaram por situações q cachorros mineiros jamais teriam imaginado. Como, por exemplo, uma danada de uma cabra q resolveu se aproximar.... e foi chegando perto... e foi chegando perto.... os dois só de olho e decerto pensando: “esses cachorros aqui do nordeste são muito esquisitos”, quando ela já estava a uma distância preocupante e eu já estava mais q apavorada com medo de não conseguir seguras os dois, ela disse: "béhhhhhhhhhhhhhhh" e foi-se embora. “Como assim béhhhh???????” penso eu q eles pensaram, mas nada responderam.



Paisagens incríveis, tons de verde inexplicáveis, pedras gigantescas, pores do sol inacreditáveis, feirinhas de artesanato aos montes, rios e mais rios de água calma q refrescavam só de olhar...







De sol a sol, de buriti à xique-xique, do interior ao litoral, de pão de queijo à tapioca com ginga, de Minas Gerais ao Rio Grande do Norte...



4 dias de muita aventura q ficarão pra sempre guardados nas nossas memórias.